
QUINTA DO MOCHO
Data 07/02/2009 18:30:03 | Tópico: Poemas -> Reflexão
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De beleza despindo, as áreas circundantes, terrenos baldios, com seus prédios inacabados, onde tijolos nus, se misturam, com o ferro armado, retorcido e à vista, de quem passa, de há muitos anos, albergam miseráveis habitações, de inúmeros imigrantes, oriundos de países, da grande mãe África. Caminhar, no interior, de um destes prédios, que deixaram, por acabar, é um risco diário, mesmo para os que lá «vivem», pois que, às escadas, falta corrimão e a tão necessária electricidade, inexistente, de todo.
Então, conforme se vai subindo, ou descendo, de um para outro andar, ou simplesmente tentar sair do edifício, prestes a ruir, resta às pessoas, procurarem, pelo tacto, as paredes, tentando equilibrar-se, sentindo, debaixo de seus pés, tijolos e pedras, caírem estrondosamente, na boca profunda e negra, do monstro.
Cá fora, saindo do que deveria ser um prédio habitável, o cenário não melhora, e ali se juntam as pessoas, perto dos restos distorcidos do ferro e do aglomerado de tijolos partidos, espalhados entre montes de areia e de terra ressequida, rodeados por extensas poças, de água morta, da cor da lama, que tudo suja e torna intransponível, o livre movimento, de quem ali reside, e, todos os dias, se levanta, a caminho de seu trabalho, feito de uma exploração, intolerável.
Por tudo isso, vivendo entre escombros e sujidade, das águas o intenso fedor, de onde explodem, centenas de insectos contaminados, à mistura com cães, cheios de sarna e de outras doenças, não tendo mais onde brincar, é que as crianças adoecem, a todo o instante, enfrentando febres terríveis, sozinhos, com suas mães, pois que, a maioria, não tem papéis, para que possam vir a ter uma criteriosa e merecida, assistência médica, como qualquer ser humano.
Jorge Humberto 06/02/09
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