
Confissões de uma Vítima de Violência Doméstica
Data 30/01/2009 15:11:24 | Tópico: Poemas -> Sociais
| Sou um corpo que deambula ao acaso, Que vive com medo todo o dia. Amostra de ser mal amado Sem conhecer felicidade e alegria.
Uma mulher constantemente criticada Que chora apenas escondida, Consciente que não vale nada, E a imagem totalmente denegrida.
Escondo os hematomas como sei. Habituei-me há muito a mentir... Vivo uma vida como nunca pensei, Com a maior parte do tempo a fingir.
Esta mão, assim queimada, e a doer, É porque sou tão distraída... Meti-a numa panela a ferver E fiquei tão arrependida.
Tapo as nódoas negras com roupa De Inverno, mesmo no Verão. Apenas porque sou meia louca Passo a vida a cair ao chão.
A boca, assim cortada, Foi apenas porque sorri... Não sei estar calada... Apanhei porque mereci.
Quando parti o braço direito, Foi porque me maquilhei nesse dia. Mas afinal, foi bem feito, Porque parecia uma vadia.
O meu corpo está tão cansado Não aprendo a me comportar Para viver bem com meu amado, Que tudo faz por me amar.
Farta dos meus erros e maldade Subo até ao vigésimo andar! Salto, enfim, para a liberdade, E já sou feliz... a voar!
Este poema já foi publicado aqui, a 29/06/2007. A pedido de uma amiga, volto a (re)publicar hoje.
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