
Solidão
Data 27/01/2009 01:50:18 | Tópico: Prosas Poéticas
| “Solidão é um sofisticado jogo de esconder em que é uma alegria estar escondido, mas um desastre não ser achado.” Winnicott.
É bom chegar a casa, Percorrer os cantos com o olhar, Encontrar tudo em ordem. Exatamente como deixei. É bom ouvir o silêncio calmo das paredes, A mansidão dos sofás indolentes, O aconchego dos travesseiros cúmplices, Á valsa das cortinas e do vento, Rodopiando sob o foco das janelas sorridentes,
É bom chegar a casa, Porto seguro das agitações da rua, Para descalçar os sapatos, desapertar os nós, Percorrer os cantos com o olhar, Encontrar tudo em ordem, Exatamente como deixei, Exatamente como deixei, Exatamente como deixei...
Ouvir o silêncio, olhar os sofás, O travesseiro, as cortinas, janelas... Exatamente como deixei...
Uma arrumação sem vida, Sem serventia - silenciosamente fria. Saltos da imaginação à projetos natimortos, Despertencimento... Inútil paisagem caprichosamente composta, De esperanças vãs,
Chegar a casa é solidão, Tanto quanto estar no meio da multidão. É tender para o infinito num limite que não existe, Procurando nessa indeterminação algo que me defina, Como chegar a casa? Não há casa! O que há são monólogos entre paredes ecoantes, Reverberando tempos ocos de mim.
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