
Silêncio
Data 18/01/2009 15:26:24 | Tópico: Poemas
| São parcas as palavras do silêncio, Apenas as estritas e necessárias.
Voam amorfas, palavras hertzianas, Pairam ao cimo das nossas cabeças. Ruído trovejado de mar tempestuoso, Na iminência de naufrágio tenebroso.
Tenta cada um, insuflar o seu balão, (Enche mais, tanto mais ocas as palavras) Até rebentar inchado, em mil farrapos, Como na língua ter uma bola de trapos.
Abdique-se da sobre-razão de si mesma, Sentindo o pensamento, sem pensar O que se sente, sendo razão ela própria, Sem forjá-la, sofrendo a vida sóbria.
Como as crianças, fechar a boca à chave, Só abrindo para engolir a complexa cifra; Só abrindo pela força maior do riso; Para sempre, sem nunca ganhar juízo.
São parcas as palavras da tranquilidade, Cristalinas, reflectindo apenas verdade.
Garrido Carvalho
Janeiro '09
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