
VÔO METAFÍSICO
Data 27/11/2008 20:20:53 | Tópico: Poemas -> Reflexão
| VÔO METAFÍSICO Juliana S. Valis
Amor, asas de versos
Revestidos com laços do outrora,
Humanamente perdidos
No labirinto de tudo
E todo êxtase que se evapora
Cada dor de um dia mudo
Desenharam em minha alma
Um mapa tão complexo e confuso
Que nem mesmo a minha sombra
Foi capaz de decifrar...
Ah, se esses olhos escuros não fossem meus
Se essas palavras tão míopes
Enxergassem apenas luz no fim do túnel,
Talvez minha mente transcendesse
A insipidez do nada, agora,
E meu coração não seria mais esse
Relógio anacrônico no qual a hora
Simplesmente vaga e não passa
E não ri, nem canta, nem chora...
Ah, como eu queria, em verdade, não ser
Mas sou apenas fragmentos de quem não fui
Enquanto a existência me algema em você,
Condenando-me ao tempo que flui
Denso e tão célere, sem mais, nem porquê...
Sim, eu queria apenas e nada mais
Publicar um verso azul de paz
No âmago de um coração ardente
Saltitando feito letra, simplesmente,
De tal modo que toda matéria
E todo furacão que o amor induz
Pudessem transcender o vácuo vão
De uma existência em luz
E sem a cruz de dias tão vazios...
E talvez assim
Eu pudesse ser
Algo além de mim
Algo aquém de você
Como rimas-sublimes
Poemas-pássaros
Sem dor, sem crimes
No amor, ávidos
Por poemas cheios De letras-aves
Sem cor, sem freios
Nas noites tão vorazes
Que alçam vôo
Sem sofrer demais
Com asas leves
Sem olhar para trás
Com sonhos breves
Irradiando a paz
Em cada canto
Em cada pranto
Do horizonte humano !
Por tudo isso,
Não procure métrica exata
Nos furacões de letras trêmulas
Não procure razão aritmética
Onde só existe verso e mais verso,
Não busque a emoção mais sintética
Em tsunamis de amor já disperso;
Não ouse aplicar a fórmula de Báskara
Para transformar o sentimento-universo
Em equações tão díspares de amor e ódio...
Não, por favor,
Não procure o nada
Na raiz quadrada
De quem nós somos !
Não eleve tudo
À quinta potência
De um grito mudo, Que faria do mundo ausência
Ao detonar um coração-atômico
Com nêutrons de aquiescência,
E fótons de luz, de cores,
Emanados por uma vida-essência
Usina vermelha de dores
Lídimas e tão cinzentas...
Definitivamente,
Não procuro o nada
Na raiz quadrada
De quem eu sou
Eu só procuro tudo
Elevado ao cubo
De um grande amor ...
Tampouco procuro lógica
Ou sentido, ou verdade hipnótica
Onde apenas exista emoção-liminar
No âmago de cada ilusão de ótica
Que flutua na alma, a vagar
Disfarçando o nada
Entorpecendo tudo,
Com o enigma do mundo,
Em cada eco tão mudo,
Em cada sonho profundo,
Como se eu não fosse apenas
Fragmentos de quem não fui.
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Poema registrado por Juliana S. Valis, copyright.
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