
fim
Data 24/11/2008 15:56:47 | Tópico: Poemas -> Sombrios
| poemas negros começam a varrer a minha cabeça um turbilhão de sentimentos e emoções de uma alma perdida, de um espirito desiludido, de um coração desalojado! a neblina caiu sobre a vida de cor negra como em dias de tempestade! um terramoto deu-se na minha vida varrida por um maremoto... causado por um amoremoto... vejo-me a passear nuns terrenos desconhecidos, outrora conhecidos prados verdejantes, agora pântanos obscuros! nuvens negras continuam a rodopiar no céu a mil à hora como a dor a correr no corpo. anjos negros, necrófagos dos pântanos esperam por me levar a alma, pintam e minam o espirito de negro, despedaçam o coração, esfarrapam-no, destroçam-no; nos meus olhos o brilho perdeu-se, como o brilho das estrelas, dos sorrisos e do sol... agora estão negros... imensamente negros, das negras lágrimas! já chorei lágrimas salgadas, já chorei sangue, já chorei algo de negro, negras pétalas - lágrimas de nanquim que ao saírem dos olhos parecem bocados de vidro e da vida... farpas, lanças, facas, espadas, agulhas... dor! o negro lodo, nasce e cresce sem parar neste pântano de areias movediças areias negras, lama vermelha de sangue de amores assassinados, o ar sufoca de tão pesado, de tão húmido, as palavras tornaram-se silenciosas apesar dos meus gritos ensurdecedores mas que não deixam de ser silenciosos. só se ouve o riso dos anjos negros, aterrorizador, faz-me cair, parece uma trovoada, mil vezes pior! onde existiam imponentes árvores verdes encontro pedaços de troncos negros. cai neve, neve negra... olho para o que seria o sol – está apagado... deambulo à procura de caminhos pois os que percorri encontram-se negros das negras lágrimas que já chorei... tudo é negro... esqueceram-se de pintar este quadro, o quadro da minha vida... parece pintado a carvão, fotografia a preto e branco, sem alegria, sem sorrisos, sem brilho... estou perdido! as portas da felicidade teimam em se fechar, os guardas do paraíso teimam em não me deixar entrar, fico para trás... a minha roupa está em mil farrapos e pior está o corpo... e a alma... e o coração... arranhado, dorido, sujo, chicoteado, torturado... tudo à minha volta está tão negro... pareço estar dentro de uma caverna bem no centro da terra. não consigo procurar rota, não consigo andar... tou a ser devorado por corvos, por lobos, por morcegos, por abutres, por piranhas, por cobras, por escorpiões, por larvas... estendo a mão à procura de ajuda mas pisam-na, escondem-na... já perdi a esperança de encontrar uma pomba branca ou de um anjo de plumas brancas, perdi a esperança de tudo e qualquer coisa, abandonado, triste e só... pego numa guitarra à tempos guardada, uma guitarra sem cordas, tento tocar uma balada melancólica, com os dedos a sangrar... parte de mim morreu e a outra parte morre lentamente com dor!
Bruno Ribeiro Lx. Outubro.06
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