
Homenagemaos prefessores e Educadores de Infância
Data 20/11/2008 13:00:33 | Tópico: Textos -> Esperança
| Muitas vezes no recreio da escola sentava-me sozinha no degrau da porta que dava acesso a uma das salas de aulas. Ficava ali inerte, a observar os meus colegas a brincar, como se ficasse anestesiada com aquela saudável algazarra, que no entanto me parecia passar ao lado. Observava com alguma apatia o rodopio incessante dos meus colegas, e por vezes sorria para dentro de mim das suas infantilidades. Tinha a idade deles, mas estranhamente sentia-me mais madura, o que foi sempre uma sensação terrível. - Lembro-me que alguns brincavam à apanhada. Outros, entretinham-se a ver rodopiar os peões que eram jogados com mestria no pátio da escola. Os peões com uma perícia inacreditável, giravam... numa dança de ballet sobre si mesmo, e eu quase que ficava tonta dessa dança incessante que ia acompanhando com os olhos.
As professoras, em dia de sol, tagarelavam entre elas enquanto iam espreitando os seus meninos a brincar, numa euforia de pardais recém-nascidos. Lembro-me que a professora Eduarda, (que parecia pressentir a minha tendência para o isolamento,) me sorria muita vez quando me descobria sozinha, naquela inércia de mosca assustada. Por vezes ia ter comigo e dizia... " vai brincar, querida, vá lá...! Eu acenava "um não teimoso" com a cabeça, mas sentia-me feliz que ela se preocupasse comigo. Ainda hoje, quando regrido no tempo e relembro essas passagens da minha vida, revejo os olhos azuis da professora. E sinto uma saudade enorme, um carinho intransformável! - Recordo-a no seu sorriso sereno, como se mergulhasse no mar de um passado demasiadamente longínquo, onde as memórias permanecem intactas. As recordações desses tempos da escola reflectem-se no fundo da minha alma, num saudosismo e carinho intraduzível. Por isso hoje, professores, me apeteceu falar e escrever para vocês! Tenho o maior respeito e carinho pelo vosso trabalho, pelos valores que nos incutem e pelos ensinamentos que nos servem depois de base para que prossigamos na sede de maior aprendizagem.
Entristece piamente que alguns... (demasiadas pessoas) não tenham a percepção da importância que um professor ou educador de infância poderá ter na formação de uma criança e quantas vezes (ainda) na sua estabilidade psíquica. Comigo aconteceu isso, por isso o testemunho hoje. Muitas vezes a criança revê na professora a mãe ausente. Recebe dela o companheirismo e o afecto que não tem em casa, por variadíssimas razões. Esse foi o meu caso, em tempos áureos. A minha mãe levantava-se nesses tempos difíceis, de madrugada, para ir trabalhar. Pouca disponibilidade e disposição tinha para me acarinhar. Sendo como fui ( uma criança extremamente sensível), acabei por projectar na professora primária,a necessidade da sua atenção redobrada, e foi nessa reciprocidade fantástica que me fui soltando e libertando da tristeza que parecia acompanhar a minha tenra idade. Para além desse aspecto fundamental foi da minha professora primária que tive o maior incentivo para fazer o que hoje faço quase por necessidade. "ESCREVER"! Nessa perspectiva feliz, só posso ter o maior respeito e admiração pelos professores. Por isso, acima de tudo por isso... lhes dedico este texto e o poema. - NINGUÉM JAMAIS PODERÁ RETIRAR-VOS A IMPORTÂNCIA DE SEREM OS GRANDES RESPONSÁVEIS PELOS HOMENS E MULHERES QUE AJUDARAM A FORMAR. Bem hajam!
Professor/a eu aqui te homenageio Com cravos já que se aguilhoa a liberdade Não desistas da luta nem emudeças o receio Pois é imperecível a tua vontade…
A perpetuidade floresce nas tuas palavras Na dádiva magnânima do teu saber Pintas o mundo às cores enquanto ensinas Num ABC persistente que ajuda a crescer!
Com cores berrantes traduzes a natureza Em desenhos geométricos repletos de magia Falas das letras, matemática ou biologia Como quem conta aos meninos uma história.
Quantas vezes esqueces a tua própria luta Ou fazes das tuas palavras um acto de heroísmo Ao desprezo ignóbil dos governantes, respondes Com o sacerdócio e abnegação do teu ensino!
(VÓNY FERREIRA)
NOTA: - Todos os meus poemas, contos e prosas estão registados na SOCIEDADE PORTUGUESA DE AUTORES e IGAC / Último registo em Fevereiro 2009
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