
Perdida
Data 12/11/2008 14:09:14 | Tópico: Poemas -> Introspecção
| Embrenho-me em mim Gota pensante num oceano descomunal Momentos de egoísmo! Não quero comunicar Não quero saber de multidões Não quero abraçar ninguém Quero apenas falar com as aves Com os rios, o mar e as palmeiras ao vento Esgotada de palavras sem nexo Sou apenas um corpo desfeito Que deu à costa Que viveu e se dilacerou Agora é objecto de contemplação Desgraçada! – dizem O que lhe terá acontecido? Foi a tempestade da noite! Até as ratazanas sem pêlo incharam Surpreendidas pela enchente turva das águas dos esgotos Criaturas asquerosas! Arrepio-me na transparência de corpos redondos De tentáculos moles de alforrecas desalmadas E extraviada como eu Levo as mãos à garganta como se sufocasse As criaturas estão a morrer! Tal como eu que deixo as pegadas na areia A perspicuidade das águas calmas convida-me a entrar Quero despir-me Desfazer-me para sempre das mágoas e dos medos Do nó na faringe que me agonia Estou a enlouquecer Contemplo o meu corpo flutuando Expirei! Finalmente também não resisti a uma noite de tempestade! Deus! Não quero que me observem assim embrutecida Perdida e desfeita flutuando nas ondas Dando à costa, para sempre fenecida!
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