
SOBREVIVENTE
Data 11/11/2008 17:26:55 | Tópico: Poemas -> Amor
|
Por entre as brumas mais densas, ziguezagueando pela floresta, trazendo atrás de si o frio, que tudo desmembra e nos deixa alucinados, alheia me pareces, às agruras do tempo inóspito, e entrando na água, de um rio ali perto, banhaste em êxtase, tendo o silêncio a teu lado.
Fascinado com tal visão e um tanto perplexo, pergunto-te se não há frio, que te perturbe, vendo-te acolher as águas gélidas, como algo de natural, tendo à tua volta, neve e nevoeiro, que até os pobres dos animaizinhos, se recusam a enfrentar, preferindo a segurança e o quente de suas tocas.
Relembras-me que és filha da natureza, e que todas essas coisas banais, que aos homens fazem recuar, são para ti parte integrante de tua vida, tua casa sem fim, por onde percorres os teus passos, enaltecendo a beleza, que te viu nascer, entregando-te à água, terra, ar e fogo, na mais das sublimes e verdadeira entrega.
Como tudo o que é natural, assim és tu, sem mostrar qualquer tipo de pudor, que te arranque cerce a raiz da liberdade, que é tudo aquilo porque tu prezas e lutas, de há muito a esta parte, quando a vida, a certa altura, resolveu ser cruel contigo, deixando-te numa luta a sós, até te levar, longe da vista, a clarividência da natureza.
Haverias de voltar, solene, à mãe de tudo, ultrapassadas as contingências e agoiros mil, que te tentaram derrubar sem pejo algum sem dó nem piedade, fruto da malsã, de gente má, que, não conseguindo, tua heresia, lhes ficou o espanto, por recordação, quando agora, reconquistada a tua vida, passam por ti e reparam que, enfim, cantas.
Jorge Humberto 10/11/08
|
|