
OBSERVANDO A CHUVA
Data 01/11/2008 16:51:49 | Tópico: Poemas
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Chove lá fora, o que faz, com que os ruídos, se tornem ainda mais nítidos, se lhes prestamos a atenção devida.
Tudo parece maior, as fábricas tornam-se gigantescas, dentro de sua obscuridade, e, apenas os gatos, deixando suas sombras, nos muros, trazem alguma realidade, à noite desfigurada, pela chuva insistente.
Aqui e ali, alguns morcegos, enfrentando a intempérie, em estranho bailado, enfeitiçados, pela luz dos candeeiros, vão-se alimentando.
Estranhas máquinas, já sem serventia, tornam tudo mais fantasmagórico, enquanto algumas gruas ferem o céu, de ferro enferrujado e mal cuidado.
Árvores fustigadas, pela chuva e pelo vento frio, dobram-se pelo meio, num estranho fragor, de madeira vergando-se, às forças poderosas.
Escondida encontra-se a lua, e apenas o vento perpassa, por entre as fímbrias, das nuvens cinzentas e carregadas de água, caindo, quase em desespero, por sobre o desconfigurado rio, subindo margens, para além do que lhe é normal.
No meio desta confusão, de água e de frio, consigo vislumbrar conjuntos de pássaros, aconchegados uns aos outros, como se se tratasse, de um só e único animal, no seu refúgio temporário.
Entanto a chuva não pára, ante seu desígnio, trazendo o frio consigo, recolhendo as pessoas, às suas casas, buscando o calor tão desejado.
Fecho finalmente a janela e escrevo, tentando manter-me fiel, ao por mim observado.
Jorge Humberto 31/10/08
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