
Não me enganas
Data 24/10/2008 11:52:46 | Tópico: Poemas -> Tristeza
| Não me enganas, ó angustiante. Eu vi-te esconder as dores nas sombras. Não me enganas, ó moira inquietante! Nem o pânico da memória, em relubiço feroz nos resquícios da alma me faz chorar o lume da carne, e o medo atroz de todas as barbaridades, vem mansamente amiúdas vezes dormir na minha mão aberta, em forma de gente... só o vazio incomoda o pensador.
Não me enganas. Eu sei o chão onde o sonho leva a vida pujante, e sobre o meu repouso infiél, jazem autos de silêncio ... são como cães de guarda, venenosos dentro e fora que me guardam a vida inquieta e o corpo em verves labaredas. E diz a lenda inquinada que no sortilégio dos sentidos, quem ama o que sofre e por ele se mata, morre apenas por ser estupidamente amargo!
Não me enganas, ó tormentos que nas voragens da saudade vais enviuvando o destino aos fracos entre o adultério dos outros, num tempo sem nome nem lápides, profanado de subversão para os olhos de quem morre e pensa que ainda dorme!
|
|