
SONG FOR A LOST SOUL
Data 23/10/2008 12:41:24 | Tópico: Poemas -> Sombrios
| SONG FOR A LOST SOUL
Quando os baluartes da esperança e os da certeza se desmoronam, Seguem-nos também os fundamentos sólidos do diodo da Emoção. O sol, que até então iluminava o caminho, Começa a se esmaecer, tresmalha-se de sua têmpera ígnea, Sucumbe ao esfriamento e depois expira.
É como se subitamente eu descobrisse que o ar que respiro Fosse venenoso. E destarte, sentisse impotente o oxigênio Desabitar-me os pulmões e deserdar inexoravelmente Cada átomo, cada nicho, cada escaninho do meu cérebro.
Não vislumbro mais o verão nem a primavera fazendo vicejar Sobre o solo da minha consciência o entusiasmo contumaz De quem sempre encontra razões para ter sede de viver a vida, De querer que esta, a todo instante, vença e perenemente seja O ponto de partida diante de qualquer falência.
Ao contrário, vivo sob o açoite constante do dantesco outono-Inverno: O vórtice da sensaborosa incerteza sempre me vela á espreita, Esperando cerrar definitivamente todas as gretas da liberdade Que se me apareçam. Não, os ardis que semeio em minha estufa não amam a Florescência. Sim, eles sempre morrem no estuário da concórdia Antípoda, infensa.
Penso recalcitrantememte em me entregar á névoa Fantasmagórica, que a maioria das gentes teme: Pois envolto nela não estaria em companhia obtusa; Pois envolto nela não vivenciaria a dor em aquarela; Pois envolto nela não seria o utópico sopro de um inócuo ser Inerme. Enfim, pois envolto nela eu seria tão-somente a abiogênese Que incorpora os mágicos passos ligeiros da lebre!
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
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