
DIAMANTES SEM A LUZ DO GIRASSOL
Data 10/10/2008 11:52:12 | Tópico: Poemas -> Reflexão
| DIAMANTES SEM A LUZ DO GIRASSOL
Orvalhos do crepúsculo pairam e vertem do céu: Perdas e dolências profundas Cravam seus ferinos dentes Nos sobreviventes da chacina nefanda, dantesca, absurda, cruel!
O vírus do desdém aos plebeus e ribeirinhos da vida humana Grassa, de maneira pensada, insana, Célere, exultante, tirana; Enquanto a nobreza da monarquia de Pandora Chora copiosas cachoeiras auspiciosas de alegria, Camufladas em acuidosos e sardônicos Vulcões indômitos de revolta, ira?
Ah, a empresa dos magos da ácida chuva, Querem transformar as presas da eterna cavalgadura Em falanges produtoras dos sortilégios da era da impiedosa voragem Ininterrupta E em devotados operários das ditosas alamedas da rapina profusa, A fim de que, após o gozo, os magnos timoneiros da aleivosia soberana Possam transmudá-los em cadáveres sem lápide nem sepultura, Muito menos hosana alguma.
Ah, mas estas desventurosas criaturas São, também, jóias que vicejam E, ao serem esmeriladas, Tornam-se airosas pedras preciosas da Mãe-Natura. Entretanto, com o fluir da sua longa e dura andadura, Perdem o brilho da candura, Comutando-se em diamantes sem a luz do girassol: Tétrico mar imensurável da desesperança, Que, aos quatro cantos, Brada, berra, devora e expande A sua presença funesta, soturna, medúsica, a peçonha da Preta Mamba!
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
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