
OLD TRIP(REPUBLICAÇÃO)
Data 03/10/2008 11:06:14 | Tópico: Poemas -> Sociais
| OLD TRIP
N’amplidão da acrimônia, Vai sobre a sáfara, que á planta dos pés cauteriza, Uma alma lôbrega tecendo seus passos. Numa andadura trôpega, De balde aos ombros ou á cabeça, Segue seu itinerário resignada e serena, Apesar de seu semblante ostentar estafa, Ao encontro do longínquo rio de auroras incertas, escassas. A água, que ela em seu bojo carrega, Embora barrenta, malsã, funesta, É a única disponível Para matar a sede que ao povo da vírago Flagela. Ah, eles sabem, eles sabem: Não podem ter escrúpulos, Pois o escrúpulo em tão ressequida seara É luxo, crepúsculo sideral, coisa inútil! Eles sabem que entre um perpétuo breu imediato E uma supernova morosa, A derradeira opção sempre assoma como a mais auspiciosa. Portanto, esta mulher animosa que enverga sobre o inerme e tenaz corpo A armadura da certeza de estar em busca de um valioso tesouro, Quando o apanha, O cansaço simula uma fuga, E ela leda, altiva O desenho de um sorriso na fronte de suas caquéticas crianças Vislumbra. Ah, mas a escrita deste poema não encerra a sua árdua saga: Antes de conduzirem-lhe o sol até a última morada, Uma longa miríade de amanhãs hão de ir ao encontro de sua pessoa denodada. Amanhã e além dos iminentes amanhãs, A alma de infinitos girassóis nas veias Fa-lo-á a mesma viagem árida. Amanhã, a mesma jornada! JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
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