
Sicário
Data 01/10/2008 14:54:21 | Tópico: Poemas -> Desilusão
| Sicário Jorge Luiz da Silva Alves
O meu nome? Por quê importaria a ti, saber a razão pela qual destruo corações? Saiba só do seguinte: uma sica rasgara-me a esperança num longínqüo tempo de danças onde todos, engladiados, encouraçados, apostavam em segundos de fraqueza de inocentes cortesãos; sei do que falo, pois, num canto do peito trago uma fenda aberta por hábil alabardeira; e, mesmo em estertores, gritei bem alto aquele nome: vilanesco sinônimo de amor. a partir de então, não mais importo-me com o balido das ovelhas, com o púbere lamento das filhas alheias, com donas-de-casa carentes, executivas simplórias, freiras arrependidas ou com a senhora sua mãe: tudo passível de aço n'entranhas; todas, fáceis presas n'alçapão; enfio até o talo, bem junto ao cabo, osso revestindo, osso quebrado, músculo rasgado, vida esvaindo... Pena? Não, não tenho! De mim, não tiveram, de ti, não terei... mas, saiba de uma coisa (não precisa chamar-me pelo nome): mesmo sendo sicário de almas, só a ti - e a mais ninguém - pertencerei...
...até que o aço, forjado em recalques, temperado em despeito, entre dores, nos separe!
|
|