
A jornada sem fim
Data 24/09/2008 01:09:04 | Tópico: Poemas -> Introspecção
| O caminho da minha vida é sinuoso É longo e estreito Não tem iluminação e nem placa de sinalização Os buracos aparecem de repente E não nunca sei a sua dimensão. Quando consigo, desvio, Quando não dá, neles caio.
O caminho da minha vida é escuro Tenho medo às vezes de sair dele. Quando o Sol aparece, Consigo ver os rostos das pessoas ao redor Quando ao Sol se vai, nada vejo. A escuridão toma conta da minha frente E somente sinto o resvalar dos braços E ouço o barulho dos passos.
O caminho de minha vida às vezes tem morros Somente os percebo quando estou ofegante, Pois algumas inclinações são imperceptíveis Somente percebidas pelo som da respiração.
Algumas vezes paro para descansar Procuro uma beira ou uma pedra para me sentar E aí vejo as pessoas que estavam mais lá atrás Passarem por mim seguindo para os seus destinos. Levanto, sacudo a poeira e continuo caminhando.
Algumas vezes encontro caminhos cruzando com o meu. Vejo pessoas interessantes passando por mim Em direção ao seu destino. Algumas delas me encantam E experimento mudar o meu curso Mas logo, algumas milhas à frente, Percebo que aquele não é o meu caminho. Aí tenho que retornar todo o trajeto E retomar o meu destino.
Às vezes encontro pessoas Vindo em sentido contrário ao meu. Também me encanto e vou acompanhado-as Até que percebo que estou retornando e não indo. Elas seguem o seu destino E eu tenho que, mais uma vez, Refazer todo o meu trajeto de volta Passando por lugares que já havia passado antes.
O caminho da minha vida é melancólico Tem vezes que percebo que estou sozinho. Todos se foram, ou estão muito à minha frente, Ou estão muito atrás de mim. Nessas horas dá vontade parar e ficar plantado ali, Esperando alguém passar por mim para acompanhá-lo.
Outras vezes no meu caminho chove. Nessas horas tenho que me abrigar Em baixo de alguma árvore ou uma caverna À beira da estrada para proteger-me da chuva. Outras vezes vem um vento fortíssimo Que insiste em jogar-me pra fora do caminho.
Algumas vezes saio do caminho e piso na grama, Quando não tropeço na beira e caio abismo abaixo, Tendo, nesse caso, que empreender uma força descomunal Para retomar a estrada.
Algumas vezes passo por árvores frondosas cheias de frutas. Paro de caminhar e subo nelas para me alimentar São momentos bons, mas logo enjôo daquele fruto E retomo a minha jornada.
O que me impressiona muito nesta jornada São os caminhos que cruzam pelo meu. Às vezes vejo pessoas tão felizes, sorridentes, Famílias bem formadas indo por esses caminhos E então me pergunto por que estou nesse caminho E não naquele.
O caminho da minha vida é longo Às vezes ele segue em linha reta Nada acontece, nenhuma paisagem nova Até que em uma curva qualquer Toda a paisagem muda.
Tem vezes que no meu caminho Encontro pessoas caídas e trôpegas Tenho aquele ímpeto da ajudá-las Dou-lhes meus braços, mãos e ombros Mas logo elas desatrelam-se de mim e também seguem Por uma curva em direção aos seus destinos.
Algumas vezes quero desistir de caminhar Mas logo percebo, pelo intenso movimento da estrada, Que não tenho opção. Preciso ir, seguir em frente Na direção do destino, na jornada do sempre.
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