
Autobiografia
Data 23/09/2008 23:48:14 | Tópico: Poemas -> Introspecção
| Era uma vez! Uma, mil pouco importa quando se é!
Era, pois, uma vez, eu!
Do ventre de minha mãe fui arrancado por entre agua, sangue e humanidade Gritando ao vento e á vida que ali estava, de sonhos carregado. Que braços me abraçaram e olhos me olharam somente imagino nos doces momentos quando de deleito lembrando também o peito, onde chorava e me saciava. Os olhos castanhos profundos que tantas vezes foram meu refugio!
Cresci, por vezes em sabedoria, por vezes em graça, mas sempre em humanidade despreocupada caminhado os faceis caminhos que á luz me conduziam
Cresci por entre campos e mar, na cidade grande e na aldeia pequena aprendendo segredos da terra escura A mesma que reflectiam os olhos castanhos.
Cresci amando as cousas e os animais aprendi da criação a irmandade oferecida banhei-me em mil rios e ondas e assim me fui fazendo homem.
Amores tive mais que a humana memória recorda e pensei que guardava tudo num simples coração Ah, doce ilusão de quem crescia.
Gerei vida por distração e amei-a por convicção Fui bom e mau e tudo ao mesmo tempo Crendo somente ser esse o meu destino.
Mas o abismo, para onde alegremente caminhava surgiu! Do alto da vida e do riso caí! Do alto, meu Deus bem do alto, rompendo-me em mim feridas de humanidade acomulada. Gritei bem alto por socorro e vi-me só Da mesma solidão por mim cultivada em multidão. A meu lado escorria o sange podre que me inundava. Pouco a pouco lambi minhas chagas Erguime do fundo onde jazia e donde as rapinas aves esperavam já o festim final.
Ergui meus braços ao Céu Os olhos castanhos de minha infancia partido tinham já, outros me iludiam e me chamavam sorrindo pela humanidade despedaçada. Pouco a pouco, com mãos ferias e pés quebrados me fui ergendo para lá das trevas da ravina Pouco a pouco, com as forças que me restavam subi a pulso minha humanidade revi as farpas que me tilham flagelado as mesmas com que no passado flagelei sem saber
Subi, cresci, gritei de uma raiva de medo e cansaço Subi, cresci passo a passo espiando meus pecados Curando minhas magoas e cansaços Subi, cresci e cresço Não mais olhos castanhos por mim reclamam, Não mais um peito aberto onde descançar mas com a alma toda em carne vida Sei que cresço e me reconstruo Sei que me torno Homem
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