
OUTRAS GALÁXIAS FORA DE MIM
Data 23/09/2008 12:38:55 | Tópico: Poemas -> Introspecção
| OUTRAS GALÁXIAS FORA DE MIM
Preciso prementemente Fazer uma viagem para fora de mim: Contemplar as paisagens exógenas sem fim, Que bradam loucamente, Ansiando acuidosamente Por gente qual as leia, as fotografe, as narre, As incorpore depois que as deguste Com os dentes e a língua da mente. Ah, a mente: o mágico lugar onde habita A fonte da libertária vivacidade ardente, ígnea!
Não é que eu não saia; Eu saio: Tropego pelas execráveis alamedas Do rolo-compressor, da perfídia, Dos físicos e mentais desertos da reta irmanativa; Caminho ebriamente Pela estrada da vida bucólica Como se o fauno fosse privado De ser cultuado na Roma do Augusto Otávio; Afinal, passeio pela avenida Da estranha alegria estuprada e sofrida, Mas sempre animosa, aguerrida da jocosa nação mestiça.
Ah, por que não proceder tal Sidarta Gautama Que se tresmalhara das garras Da inexpugnável fortaleza da patranha Para esquadrinhar, conhecer a legítima face do mundo Ao singrar as alamedas e ruelas da desesperança, Que molda, cimenta, reveste, concreta A antiga Índia sofisticadamente cibernética.
É, talvez eu devesse, como ele, Abrenunciar á bem-querência Que nutro ao egoísmo da matéria: Pregar desprendimento, benevolência, humildade E ficar concentrado por meses ou anos Á sombra de uma árvore gigantesca, A fim de que eu possa captar, Me transformar na respiração Da água, do fogo, do ar, da Argila-Terra-Planeta; E, ao flutuar além das nuvens, da celeste abóboda da pureza, Poder lograr o glorioso Nirvana: A Extática Paz Imorredoura da Certeza!
Não, não tenho esta pujança: Na verdade, Sou fado malogrado, Plenilúnio dos inválidos, Criatura pusilânime E o inexorável sol do vácuo Continuamente amanhecendo radioso, soberano, impávido!
Finalmente, Depois de horas a fio sob a sádica e sodômica luz da ilusão, Sorumbático e desalentado, Regresso ao cancerante conforto da minha egocêntrica mansão.
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
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