
AINDA FALANDO DO PASSADO
Data 22/09/2008 15:52:43 | Tópico: Poemas -> Droga
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Em toda a minha vida, vivi rodeado de gente falsa, incluindo supostas namoradas, apenas de olho na droga, que eu possuía e tinham tal como algo adquirido, julgando que trocar sexo por droga, a isso tudo se resumisse e eu estivesse disposto a tal facto.
Mal sabiam elas, de meu forte carácter, e, muitas das vezes, precisei de ser rígido na palavra, para afastar esta gente, de minha vida, que, diga-se, de nada valia, mas respeito à minha pessoa exigia, pois que não me vendia, como a um qualquer prostituto, só porque tinha poder nas mãos.
Nunca aceitei, como moeda de troca, nada que tivesse sido roubado, embora até entendesse as suas e a minha miséria. Mas para mim era ponto assente: dinheiro numa das mãos, droga na outra. Muito sorriso forçado, máscaras e outras ignominias, eram o meu pão de cada dia, ansiando minha dose.
Mas as contas, que tinha de prestar aos superiores, foram deixando seus resquícios, de anos e anos, mantendo-me controlado, mas só por fora, que dentro doía e consumia, meu corpo enfraquecido, onde sol e noite, já não distinguia, no fluxo e refluxo de gente, apenas com o mesmo intuito e fútil conversa.
Então resolvi fugir, levando-lhes a droga toda, já que o trabalho era todo meu. E, quando a súplica se instalou, senti-me ofendido e manietado: caminhei em direcção ao Norte. Longe estava eu de imaginar, que, tão longe, me viessem a descobrir. Tudo perdoaram, assim voltasse a trabalhar pra eles: não mais! Disse…
Agora estava por minha conta, acabara-se as facilidades. E o que antes rejeitava, pois foi caminho, por onde tive de enveredar. O mais é triste e infame, para que eu aqui relate, mas de nada esqueço e com isso vivo até hoje. Nunca bati em ninguém, seria o mesmo que fazê-lo a minha mãe, mas muito mal cometi.
Jorge Humberto 21/09/08
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