
SÍLABAS DE ESCOMBROS(REPUBLICAÇÃO)
Data 17/09/2008 11:26:17 | Tópico: Poemas -> Sociais
| SÍLABAS DE ESCOMBROS
Miséria ano após ano anulando-nos: Ria, mira; Séria, mera; P-MISERANDOS!
Indústria que se enriquece ao sol dos filhos da magna carência: Dura, instrua; Esquecer, doer, durma; Lufada de ar frio que a estrela ígnea não esquenta nunca. Fugaz oceano de alegria e rio eterno de tristeza que nos cala: Radiosa face, fome, falta; Esmola-Escola-Anuência-Máquina; Sem-Terra, Sem-Teto, Sem-Aurora, Sem-Nada; MAR-DE-GENTE-TRISTONHA-NO-JARDIM-E-EM-CASA!
Carcomida casta que lavra a seara de Garanhuns: Carmo, caco, cava, cova; Manada que acorda com os galos ao nascer d’aurora. Comida comendo nenhuma coisa que se valha: Que come mesmo é nada!
Glebas, Sáfaras, Estilhaços, Estrados, Pratos, Agros, Labuta; Grilhões, Gritos, Cactos, estertores, ultrajes, loucura; Grilhões, Luares, Sonhos, Fé, Romeiros, Procura; Grilhões, Sertões, Profusa água esconsa, Miraculosa chuva; Grilhões, Sorrisos rurais, Sofreres faciais, Perpétua luta! Sim, é a Seca que molda, marca, mata, enxovalha, flagela, Inunda... Sim, é a Seca que se faz a edaz comensal, a insaciável vampira, A carnívora planta... Sim, é a Seca, é aquela com a qual se lucra... Sim, é a Seca quem fala, quem manda e desmanda... Sim, é a Seca que se quer: Quer que se traduza. Traduza-a em disformes caminhos e Estradas. Traduza-a em disformes frases, orações e Sintaxes. Traduza-a em plenos coloquialismos, línguas Semi-padrões, a forma culta! Finalmente, traduza-a na intradução da tenacidade Destas pessoas que, ao lançar seus olhos ao céu, Sempre vêem um arco-íris dar-lhes em retribuição Uma gargalhada de esperança que semeie aquele Antigo provérbio no ressequido chão e Diga a estes que dias melhores certamente virão. JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
|
|