
A Raposa e as Uvas
Data 14/09/2008 18:23:38 | Tópico: Contos
|  A raposa passeava e procurava alguma coisa para matar a fome, quando viu uma parreira de uvas maduras. Eu nunca soube que raposa gostasse de uvas, mas sabe-se lá o que pensa uma raposa faminta... Ela olhou para cima, pensou, analisou a situação e resolveu tentar: comeria as uvas! Pensou que afinal, há tanta teoria nutricional hoje, tanta comida de passarinho para homens, tanta comida de homem para animais silvestres e comida expressa para quem tem pressa que não custava nada tentar. Pensou também na dureza que seria, se tudo isso se passasse no tempo da sua avó: raposa sem recursos, que ficaria pulando e pulando para conseguir seu intento. Pura divagação... Passou a mão no celular 3G, e navegando pela internet, pesquisou a solução. Hum... E não é que entre soluções toscas, como a de um tal La Fontaine, inspirado por Esopo que pesquisou o assunto pelos idos de 1690, achou afinal algo que lhe valia!. Sim, chamaria um moto-taxi! Assim fez. Depois de combinar o preço, pois sabia que hoje em dia, quem não combina antes, sai sempre no prejuízo, pediu que o dito cujo fosse ao circo “Vostoc” pedir préstimos à uma macaco prego, desses bem educados. Educado hoje em dia, é coisa bem mais complexa... Educado é aquele que faz tudo que se manda, sem perguntar a razão. Tipo útil, portanto, aos fins a que se propõe. Chegando a moto com a encomenda, a raposa, rapidinho, explanou sobre o projeto. Era simples a empreitada; subir no tronco de apoio da tal parreira em questão e escolher entre os mais bonitos, o cacho de uvas, fruto de tão simples pretensão. E em poucos minutos, descia o macaco prego, com as uvas. Lindo cacho, saudável, e o melhor de tudo é que era, sem adição de agrotóxicos! Pagou o serviço prestado e logo que ficou só, sentou-se sob a parreira, e confortável iniciou o experimento esperado. Pegou uma uva, cheirou... Lambeu meio desconfiada e sem pôr fé no que via, mastigou e engoliu. _ Nossa, que coisa horrível! Tem um gosto muito estranho... Quando se deu por conta, tinha os pelos do lombo inteiramente arrepiados! _ Mas isso é ruim demais! Impossível de se comer! O que faria agora? Pensou... Pensou... Chamou de novo o mato-taxi. Novamente lá foi ele, buscar o macaco prego. Quando o trouxe, a raposa, sem explicar senão mais nada, pulou em cima do bicho e o esganou numa piscada! Dispensou o moto-taxi, cara sem preconceitos, e sob a sombra da parreira, se banqueteou a tripa forra. E para não ser incomodado em tão gratificante manjar, até teve o cuidado de desligar o celular...
Moral da história: Desdenhar é apenas parte da problemática. Para se encher a barriga, é preciso a solucionática.
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