
fado menino
Data 11/09/2008 11:10:37 | Tópico: Poemas
| fado rio que transborda de dedos teus medos meus seios - teu leito em fim de tarde -, batel ancorado ao lado esquerdo do peito…
fado sentido silêncio e contido pranto quando o sol se espraia, se esconde e se espalha em lousas laicas, em pedras ásperas, desta calçada…
[tão gastas tão íngremes tão árduas salgadas as lágrimas contas rosário dum terço que bebes e teces na letra cantada (in)ventada ao vento e no verso…]
...fado que, audaz s’arvora e s’arpoa e já zarpa boémio, bairrista… boné de fadista no banco da praça …
fado alma dum povo escoltada à guitarra, queixume, gemido…- ou cistro antigo -, xaile que voa flutua e dança … e é onda e vaga mansa, e preia-mar de um mar que desembravece que enlouquece nas ruelas, nos becos, dum corpo confesso e no seu secreto acervo … em loas d’afecto
oferto
e se entretece e se aplaca
em beijos de línguas, de bocas salivas de verdes salinas, de cordas hirtas d’ infantas meninas, nas curvas das ancas, nas chinelas varinas … tamancas que se denegam ao infortúnio, à despedida… à dor da desdita… e são saudade.
fado fatalidade engolida, esmagada, mordida, bago a bago de um cacho, dum cálice d’uva sagrada, neste vinho bebido a tostão a pataco na taverna da nossa avenida… (de lilases florida …)
fado emblemática canção de Lisboa d’ Alfama à Mouraria, ao Bairro Alto, à Madragoa brilha nos olhos no peixe na rede, no xaile traçado e num cravo vermelho o decote
fado, destino, karma ou sorte…
te juro e afirmo, meu fado menino, hei-de beber-te e louvar-te, na vida e na morte…
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