
PENITENCIÁRIA DA MATÉRIA
Data 28/08/2008 12:27:04 | Tópico: Poemas -> Reflexão
| PENITENCIÁRIA DA MATÉRIA
Queiramos ver o que está do lado de fora deste limbo Queiramos ter o ônus de tal responsabilidade sobre nossas costas Queiramos perpetrar esta leviandade salutar Queiramos ser dignos de seu desdobramento Queiramos a perplexidade sadia que brota do temor por não ter- mos esperado. Então rirmos dele na posteridade Queiramos que ela nos impulsione Queiramos que a irreflexão reflexiva nos liberte das masmorras da cruel miragem Queiramos que tenhamos a coragem de trilharmos a via deste tesouro, envolto em bruma do surreal augusto pedestal do mistério, que é a liberdade; não, não é a liberdade de transato; não, não é a liberdade dos corpos homônimos. Na verdade, a liberdade, de que eu falo, é a liberdade que filtra, como um disco cromático, todos estes matizes da suma poética brisa, obrigada a quedar presa indeterminadamente no réquiem do sono.
Queiramos o fardo da sua consciência em nossas cabeças Queiramos parar de sermos tolhidos pelo medo Queiramos parar de querermos tê-lo Queiramos deter a têmpera necessária para sairmos deste nevoeiro Queiramos possuir a energia inquebrantável pra nosso maior al- goz vencermos Queiramos que nos lancemos ao bel-deleite da bruma do inefável horizonte desconhecido Queiramos nos livrar do execrável apanágio de prisioneiros do ser cativo Queiramos, na verdade, é deixarmos de sê-los: sermos mortos- vivos Queiramos, mesmo, é que da sana insanidade sejamos todos filhos primeiros: dela queiramos ser o verde promotor do renascer da vida Peço-vos, por favor, deixemos apenas de querer: façamos isso, enquanto tempo tivermos ainda!
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
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