
SORTILÉGIOS DO FEL
Data 15/08/2008 13:15:22 | Tópico: Poemas -> Introspecção
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Me pego, ás vezes, divagando Preso em teias de pensamento Que me trazem uma imagem, uma lembrança. Qual lembrança? A lembrança de tardes nos Barris. Tardes que me remetem a ti.
Esta impertinente fonte de slides do Eu sentimental, Que é a tua expressão óptica, Não vaza de minha memória: Por mais que se faça morosa em sua ausência, Sempre ancora no trapiche de cores Que revestem a filha do meu recente outrora.
Embora goste de ter o córrego da tua matéria fluindo em mim, Almejo todos os dias que a mesma possa encontrar um estuário: O qual, ao dissipar a água doce da tua melanina impressa Em minha retina, sempre suscetível á voz de um feixe de luz Passional, Livrará minha mente da dor de não poder contentá-la.
Sim, admito que tu és o estio que gostaria de vivenciar Eternamente. No entanto, sei que a concreção de tal sonho se faz impossível. Então prefiro que ele, ainda que paulatinamente, se desvaneça, Esmaeça-se, sucumba e vire pó. Com efeito, tal homicídio me ajudará a abrir a janela para Novos horizontes, além de jogar tuas cinzas no mar de dissabores Felizes, os quais, em meu ser, freqüentemente, se acumulam aos Montes. Na verdade, amontoam-se ao bel-sabor da caudalosa Soturnidade: soturnidade esta que deita em mim como perpétua Chaga desabrida, aberta e ampla suntuosidade.
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
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