
No palco onde me habito
Data 13/03/2007 11:45:39 | Tópico: Poemas
| A cada crepuscular madrugada sou a distância de mim própria encurtada. O barco naufragado na maré vasa do mar alto. Derrotado em batalhas travadas nas veias abrasadas do meu sangue.
O renascer sobre empinados escombros das chuvas, sob o manto constante de relâmpagos e trovoadas.
Sou igualmente, os dias alimentados de vazios onde se metamorfoseiam sinistros Corvos em vestes alvas. Plumagens de Anjos! Ou a Cigarra entontecida provinda de planícies ávidas. O desconcerto do vento...
A carne envelhecida antes do tempo. A palavra ressuscitada na tangente de silvados abruptos. O contraluz de encalacrados e estrábicos galhos, alojados na garganta insubmissa da esperança murcha. Ou ainda as lágrimas acordadas no bucho das alvoradas.
A flor da noite amarrotada nas pregas vincadas da vida. O ventre-rio efectivo onde deslizam bichos de sangue frio. O esplendor das relvas encolhidas após o corte. Ou o fulgor dos clarinetes d’Edens, provindos em astronaves dos bosques.
Sou o silêncio aromatizado pelas letras de um Fado. E o depauperar de Montes povoados de Silfos e Mastodontes ... Sou o riso desassisado e logo o pranto...
No palco onde me habito, sou o nada e sou o tanto ...
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