
Ruído de Mar
Data 08/03/2007 22:26:09 | Tópico: Poemas
| O contínuo faz-se num lugar negro. As luzes do trânsito arrastam de longe um ruído de mar. Figuras escondem-se, indecisas. Ateiam fogos debaixo dos viadutos. Pontes. Subterrâneos. Aquecem-se como cães junto à terra salvada ao asfalto. Aquecem os mitos.
Guardam o ruído de mar que vem de cima. Guardam também um caleidoscópio de cores, de alquimia em materna alucinação. Fogem de sombras como de bisarmas. E do espelho das luzes. Da cegueira. Por vezes, sortílegos, partem em busca dos grandes dias invisíveis.
Para depois regressarem ao labirinto onde carne e asfalto respiram juntos. Guardam o que podem, de olhos negros, no torpor histérico do sono. Curvados, como búzios humanos, guardam nos sonhos um ruído de mar.
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