
ESTUÁRIO DA HONRA
Data 26/07/2008 15:31:55 | Tópico: Poemas
| ESTUÁRIO DA HONRA
De caju em caju o espectro do enxovalho da desonra se põe á minha caça, Me querendo siderar sem indulgência; Eu, em resposta, engendro ardis para melhor assimilar o gosto acerbo da derrota Qual em minha boca assenta de forma imperiosamente lenta e dolorosa.
De caju em caju ao ser impelido a contemplar o oco horizonte de inverno Que reluz impresso em minha própria fronte, Me encarcero no limbo das profundezas do meu sádico ego.
De caju em caju passo noites em claro: Jazido sobre o angustiante leito da bruma Contida na etérea imensidão da cinza das horas diárias, Reflito se um dia ascenderei á áurea constelação ordinária, Deixando finalmente para trás o cárcere do ouropel: Que, na verdade, é o eufemismo da escuridão alva!
De caju em caju sou tomado por um melancólico medo, Pois diviso em meu ente opaco A ravina, o abismo, a necrópole, o naufrágio, A pista de dança onde me dissolvo e bailo A valsa do degredo de minha dignidade, brio, Sonhos, desejos e idealizados edificantes itinerários.
De caju em caju sou compelido a ir até o âmago de mim Para recontemplar o estuário, Onde o crepúsculo da flora do bom orgulho Transmuda em turmalina A minha mais linda e cintilante Esmeralda!
JESSÉ BARBOSA FE OLIVEIRA
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