
Dueto de Amor em Quatro Estações
Data 19/07/2008 14:06:28 | Tópico: Poemas -> Amor
| — Observa, no espelho… — Se calhar, eles já estiveram juntos… — Sim. De mãos dadas, a olhar a lua adormecer. — Ter-se-ão abraçado? — Olharam-se nos olhos… Sem palavras... O silêncio era dos rouxinóis. — Achas que eles se amaram nas noites de luar? — O universo foi a sua casa. — Perderam-se, talvez, nas estrelas que polvilhavam a noite... — E no zumbir dos grilos, a embalar os laranjais.
— O suor dela alimentou o mar. — Ele foi a gaivota, que aí matou a sede de doce. — Ela gosta de trincar pêssegos. — O calor das mãos dele amadurece a pele… — Faz amor comigo… — Chiu! Fala baixinho. Vais acordar o vento suão. — Quando saberemos se as ondas beijavam os pés? — Amanhã ainda haverá oceano.
— Olha uma parra de ouro. — Deixa-me escrever a eternidade deste momento. — O rio levou-a para longe. — A vida precede as palavras… — Tenho a boca pintada de romãs. — Vejo bandos de tordos, nos teus olhos, a voar… — Não! Não adormeças ainda. Falta o beijo da serpente. — Prefiro um grão de trigo sob a luz do pôr-do-sol. — E eu uma nuvem cinzenta e uma gota de mel.
— As árvores estão nuas e erguem os braços para o alto. — Oram em esperançosa simplicidade. — Vislumbro lágrimas no céu… — É só uma chuva de anjos. — Tu és no meu corpo um poema. — Prefiro ser um verso na madrugada. — A madrugada é tão fria… — Mas é branca e pacífica. — O vento varre as letras da minha ausência. — Com elas faço um puzzle e pinto a distância que nos separa. — Vem deitar-te na minha alma… 2º Prémio Ex-aequo no XXV Concurso Internacional Literário, promovido pelas Edições AG, São Paulo, Brasil, na categoria de Poesia.
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