
"Pobre Adão"
Data 10/07/2008 18:31:20 | Tópico: Poemas -> Alegria
| Um destes dias zanguei-me com a solidão. Corri-a à vassourada deste meu cansado coração E até a proibi, de viajar comigo no meu camião E a minha vida assim continua pois então Desta feita na companhia da pura diversão Vivida entre a realidade e alguma ficção Mas a noite cai e na cama solitária do meu camião Tenho-me de deitar, pois não tenho outra solução É aí que eu começo a escutar uma voz na escuridão Abro então, a cortina da janela do meu camião, Na esperança de ver quiçá, uma deusa vestida de paixão Mas… a voz que eu ouço afinal, é da escorraçada solidão Tentando demover-me da minha repentina decisão Para se juntar a mim nesta silenciosa e cerrada escuridão. Volto a fechar a cortina e penso um pouco na situação: Não! Eu jamais vou ceder a tão incessante pressão Vou fechar os olhos ignorando-a simplesmente (a solidão) E com a preciosa ajuda, da minha fértil imaginação Começo então a pensar no coitado do Adão, Que viveu tanto tempo, no paraíso com esta ingrata solidão. Até conhecer a sua única e verdadeira paixão Ou seja, Eva a mulher pecadora, mas de bom coração Pois ela poderá ter enganado, o despido e solitário Adão Mas foi ela que, o salvou daquela estúpida e triste solidão. E até a serpente ficou a ganhar com esta mística união Pois foi graças a ela (e não só), que se deu o milagre da procriação. É por isso que eu agora, não me canso de alertar o meu coração, Que mais vale viver, dez anos em contínua e desmesurada diversão, Do que viver cem anos, mergulhado em contínua e profunda depressão. E o sono chega, e termina com toda esta minha fantasiosa divagação…
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