
ode ao pecado original
Data 08/07/2008 17:56:24 | Tópico: Poemas -> Amor
| se as leis não comportam o meu querer e à vista derribada de teus olhos, a preito e a preceito, s’incendeiam em mim, restolhos, papoilas e sargaços …
se faminta me faço e d’ébria sinopse, me embriago e desfaleço em agonia maior, se o dia passa e já se esvai, se a noite cai e te não trás ao fascínio de meu regaço …
se percorro caminhos controversos d’interditos traçados, e sempre me detenho na forma imperfeita, incompleta, do desenho de teus passos decalcados n’areia…
se o sangue que me circula em golfadas nas veias contém do teu a matriz e nos achámos cinjos, enlaços, em pactos vampirinos de sal e luas cheias …
se em heresia me tomas, me suavizas o rosto, me banhas a pele da boca em saliva quente… me sugas o pescoço, me dobras p’la cinta, me chamas menina e me fazes gente…
que se esgotem mares, marinas e marés d’espuma, que se afundem dunas em milhafres de sapais
que se fundam infinitos luzeiros d’asteróides e sóis que se apaguem da orla da praia archotes ou faróis
para que meu barco perdido na bruma, sem norte, ao negrume do tacto aporte na vereda do teu corpo
e que se que se faça de nós, em acto consumado, a liturgia satânica d’original pecado.
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