
Espadas em Riste
Data 08/07/2008 08:49:29 | Tópico: Prosas Poéticas
| Espadas em riste, o gongo inicia a batalha. Eu invisto com todos os meus dotes e ataco fortemente, falho e vejo-me forçado a desviar dum punhal manhoso. Numa dança que se perpetua vou fazendo novas investidas. Não há mostras sucesso. Dou tudo de mim e não há meio de quebrar a defesa do outro. Não dá. Num rebuscado ataque perco o equilíbrio e sinto um qualquer objecto que desconhecia a existência trespassar-me o ombro. O sangue, quente, foge-me braço abaixo. Estou a empunhar uma espada pesada. Ferido, deixo esta cair. Sem alternativa desembainho uma adaga. Se até agora não consegui sequer fazê-lo suar, a derrota será quase certa. Num floreado tempestuoso de laminas acabo golpeado novamente no braço e em ambas as pernas. Sem aguentar suster-me de pé caio sobre os meus cansados joelhos. Estou esgotado. E este será o meu ultimo suspiro. O outro dirige-se a mim, fala: -Deste tudo de ti. Superaste todas as tuas condições. Assim, entrego a minha rendição, a minha morte. E crava, na sua zona lombar, o mesmo punho que, momentos antes, tinha fendido o meu ombro. Aos poucos o seu sangue mostra-se ao mundo. Escorre pelas costelas e sai, com notável subtileza, pela boca. Vejo a morte pesar sobre ele. Vejo o partir deste ser. Assisto ao tombar de um dos meus demónios interiores.
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