
Dança
Data 03/03/2007 21:40:00 | Tópico: Poemas -> Amor
| Enlaça-me a Alma e dança. Solta de mim a fera, enjaulada, aquietada em espera. Liberta a fêmea que habita em seiva circulante na rosa que mordo sob a boca e que agora te ladeia, em compasso, sobre a mesa-palco, serena e mansa.
Dança a valsa, dança um afectivo, pausado, dorido, tango antigo. Mas dança, baila, baila um bailado doce, infindo.
Cinge-me as veias, filão vermelho do corpo, num aperto longo, louco. No destemperamento! Como se fossem elas as tuas próprias raízes. Deixa que brote árvore, frondejante. Deixa que expluda em perpétuas ramagens, e sejam elas de nós abrigo, acolhimento.
Dança, desliza, leve brisa, nesta adusta pista. Passo, a passo, por dentro da enseada da aurora boreal da madrugada.
No toque leve No afago No instinto. ...Breve. Voguemos elevados, diáfanos ou divinos, na ponta convincente do cometa. Na saliva com que desfolhamos, uma a uma as páginas de um envelhecido livro da vida em busca da sua essência. No esmero, na sapiência ...
Enlaça-me a Alma e dança.
Poema publicado in Sibilam Pedras na Encosta, pág. 25 (da autora)
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