
“De Uma Qualquer Arte”
Data 05/07/2008 10:44:28 | Tópico: Prosas Poéticas
| Indiscretamente os olhos comem, saboreia esta alma o vento intenso, infligida a dor espiritual que cercas do caminho ocultam. As mãos poderosas trabalham a obra, sufocando o homem acorda, sabedoria vã, o sonho madruga a voz acetinada, nome de homem envolve o susto com recados, a obra nasce dividida, o artista, o poeta, é uno e imortal, implacavelmente será eterno. Um golo do vinho poderoso que as mãos elevam ao corpo, nu, despropositadamente dançando no auge alegórico da fantasia. Ilusão comedida, silêncio nocturno acalma o gesto que bebeu da lua enfeitiçada, sonhando anda o poeta, acariciando seus cabelos. Sabor a mar, ou, sabor a medo de amar, que mãos poderosas assaltam as palavras no corredor desastrado que alimenta o tempo. O tempo dos homens! Marca, cicatriz de fogo, círculo humano comemora a vida, anel planetário revela novos mundos, a via das estrelas segreda-nos futuro. A pintura enquadra a paisagem, sequiosa de cor a ninfa descansa, cavaleiro do presente, palavra ou momento inexistente, despede-se da armadura que sangra e dá de beber ao poema. As mãos assustadas mentem despem sem preconceitos, assaltam violando os corpos que noite escura cerca. Vivem-se presentes de um futuro distante, o passado ausente quer ser premente, minha voz assalta o tempo nas mãos do grito crente. Deus recebe uma carta de despedimento, o fogo é vermelho do sangue que comove, o poeta nasce e morre todos os dias, o pintor quer tomar o lugar de Deus num trono de cores designadas. Sejamos homens, errantes, preconceito divide os mundos, a alma descansa o mar destituído que armadura de cavaleiro devora com palavras de mentira. A pintura inviolável, o artista cerra os punhos, dá voz de medo a nova pincelada, que juízes, os anjos reclamam, sabores de céu e de sol são vingança, o homem, sente... Teriam as muralhas soterrado o mundo, cárceres de luz abrem o ateliê do mundo que o artista desenhou com aventura. A cortina descansa, o último fôlego é do poeta, a janela aberta faz penetrar o mar, a onda enamorada abraça as mãos poderosas que homem triste inventa. O prado invade este lugar, as paredes sustêm o grito que o poeta marcou, ficou circunscrito, pintura de sol mar e vento, o artista, acredito... Que novo mundo se desvairou, nas mãos poderosas agarra-se o grito, semelhante a Deus o artista senta o trono permanente das suas vidas, passado, futuro, presente. São homens e sonho, numa mistura incomum de cores, vazio do pesadelo acorda vaidades do sonho, altruísta o artista, consome e invade, o mais íntimo do seu poderoso mundo.
São homens! São homens!...
Paulo Themudo
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