
ADORADOR DA MISÉRIA
Data 28/06/2008 12:29:40 | Tópico: Poemas -> Reflexão
| ADORADOR DA MISÉRIA
Um morcego perscruta ao longe Duas flores da credulidade em desespero Caminhando a esmo.
Rapace em pele de bom-moço, O morcego irrompe como um raio de esperança A órbita daqueles indefesos despojos do sol da tragédia, Forçando-os argutamente a chafurdar-se na areia Movediça do ultraje:
O ultraje de ser um inconsciente refém do grotesco: Transmudando-se num Clowm, Que, ao dar duzentos pulos sobre uma corda, Massageia o ego dos filhos do lado opaco da penumbra: Em verdade, desventurosos órfãos do sol da autoconfiança.
E o morcego ao fim do sórdido espetáculo se regozija: Ao mostrar contentamento pelo triunfo do incauto paladino da Sobrevivência, Ele camufla a exultação de degustar A temerária humilhação alheia.
Entrementes, o açucênico homem, Imerso em seu insobrepujável mundo de credulidade, Não percebe o dolo, a maldade, o agravo Que emana da magnanimidade do mamífero sanguinário! JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
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