
Dez sonetos inéditos de amor
Data 18/06/2008 23:05:07 | Tópico: Sonetos
| Não sei se és feliz
Não sei se és feliz, mas cá, Eu penso Que deves ser! Quiçás seja, e desejo Apagar o passado, esquecer o beijo, E o teu carinho, falta de bom senso.
O que te diz respeito esta infenso, A minha alma, a fogo e ferro escrito Na angustia silenciosa do meu grito E explicito no meu sofrer intenso.
Tento-me convencer, e não convenço Que finalmente hei de esquecer um dia O teu amor, e veja a minha agonia
Pois és feliz agora, como eu queria Que tu fosses, porém que contra-censo Se eu roubasse de ti tal alegria.
E fui buscar-te
E fui buscar-te, havia prometido Mesmo sem te ter visto, ou conhecer Mas eu sentia no âmago do meu ser De somente para ti haver nascido
Eras o sonho que havia tido, Por toda vida desde a puberdade, E apesar de total disparidade, Conhecer-te me havia enternecido.
Tua voz me fez rejuvenescido, Tua ansiedade causou-me ansiedade, E esquecendo o peso da idade
Fui buscar-te no Rio, embevecido, E em cinco anos veio a realidade Fostes-te, e em solidão tenho sofrido. Quando partiste a solidão nefasta
Quando partiste a solidão nefasta Apossou de mim qual noite escura, E nos dédalos tristonhos de amargura,
Não consigo nas dores dar um basta.
Nada que tento, da mente afasta, O meditar na realidade dura, Da falta que deixastes, e perdura, Como se fora praga de madrasta.
É um anticiclone que devasta Minha alma, e endurece a catadura, Não se vislumbra em mim quaisquer ternura.
às vezes em terríveis noites escuras, Sinto-me qual um monge iconoclasta Sorvendo o cálice dúbio da impostura.
Voltaste a quem te ama
Voltaste a quem te amava, e ama ainda, Sejas feliz, é este meu desejo, Para mim o futuro que antevejo É amargor e solidão infinda.
A saudade é voraz, e nunca finda, Ouço-te a voz que soa qual arpejo Em qualquer lugar se olho revejo A tua branca tez, pra mim tão linda.
A mão do esquecimento não me brinda, Com a meta final do meu desejo, De apagar o gosto do teu beijo.
E do carinho que me pôs na berlinda, De carregar comigo a dor infinda, E por querer buscar-te; sinto pejo!.
Sonhei, contigo, o sol estava posto,
Sonhei, contigo, o sol estava posto, E uma noite amena e bela começava, Tão branca, bela e nua tu estava, Mas uma sombra te encobria o rosto.
Qual meu antigo sonho, que desgosto Aquele que há tempos não sonhava, Em que tua presença me tentava, Por toda vida sem mostrar-me o rosto.
Em tentar te esquecer eu tenho posto Um esforço contido, e que desgosto, Pois me lembro de ti,e isto é frustrante
Que fermenta minh’alma, alucinante pois Tua lembrança é levedo e mosto, Mantendo-a ébria quase todo instante.
Ao viajares comigo
Ao viajares comigo, a meu lado Reclinavas a cabeça docemente Ao meu ombro , e hoje é comovente, Relembrar, pois tudo já é passado.
A dor atroz me tem subjugado, Pois te foste de mim, mulher querida, É sombria e frustrante minha vinda E lamentável é o meu estado.
Não podia jamais ter concordado, Nem permitido, fácil, tua ida. Hoje a penar minha alma sofrida
Conhece um vazio inusitado. Que é como meu peito tem ficado Desde a hora cruel de tua partida.
Que se pode fazer contra a cruel saudade?
Que se pode fazer contra a cruel saudade, Quando se aninha ao peito e ali permanece Pois é fogo cruel, que jamais se arrefece, E independente de cor, de credo ou de idade
Não nos causa dor por ódio ou por maldade, Mas é rede cruel que o pensamento tece E a mente, o ser, o coração, tristes, padecem A falta cruel do amor e da amizade,
Da convivência diária, de um aconchego, De um carinho de amor, e dum momento De um puríssimo e veraz deslumbramento
De um simples toque, um olhar ou um chamego Que não sairá jamais de nosso pensamento Que findamos por fim, pedindo arrego.
Jamais antes havia amado tanto.
Jamais antes havia amado tanto, Nem amado talvez, oh! dor tirana! Pois antes de conhecer-te Eliana, Mulher alguma me fez derramar pranto
Sofro com sua ausência e entretanto, Mesmo que repetisse a dor tirana, Gostaria a minha mente insana De voltar ao passado no entanto.
Nem mesmo sei avaliar o quanto, Fui injusto comigo ao liberando Antes eu lhe pedisse e implorasse
Para que junto tu ficasses, enquanto, A terra continuasse ao céu girando E o sol no infinito nos iluminasse.
Minha vida parou quando partiste.
Minha vida parou quando partiste, E um marasmo só minha existência, Não vejo mais em nada consistência, E diuturnamente vivo triste.
A saudade é maligna, e insiste Para que eu sofra triste tua ausência Como um rito cruel de penitência A um manipanço mau que me assiste.
A tristeza profunda que tu viste, No meu profundo olhar, na despedida E minha boca rindo, que fingida.
Era um rictus de dor e que persiste Nesta terrível imitação de vida Que esta parada desde que partiste.
Não nos teremos mais...
Não nos teremos mais, assim espero E que tu sejas feliz é meu desejo, Mesmo em sonhos, teu rosto, já não vejo Não sei se não consigo ou se não quero
Por toda vida eu sonhei contigo, Desde criança, e jamais vi teu rosto, E hoje sinto, para meu desgosto. Que tudo ocorre outra vez comigo.
Talvez um dia ao encontrar consigo, A tua face esteja envelhecida, E tu fujas de mim para não ter,
Que me encarar como simples amigo, Um companheiro que daria a vida A certa altura pra não te perder.
Mestre Egidio xx
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