
A Carta Que Nunca Te Escrevi ou a Simples Confissão do Meu Maior Crime (Parte IX)
Data 18/06/2008 16:39:42 | Tópico: Prosas Poéticas
| Abri, no azul rasgado do céu, uma janela que despertava o sono dos teus olhos e fazia ondular o teu cabelo despenteado. Estavas linda, orvalhada pela manhã que, sorrateira, convidava o Sol a olhar-nos e a brindar ao nosso primeiro beijo. Se quisesses eramos um só. Um beijo, um dia, um mundo... Mas nem todas as noites adormecem com o brilho do Sol. Há dias em que a Lua faz turnos a dobrar, que se zanga com as estrelas e as tapa de nuvens escuras, carregadas e mil águas e luzes de Caronte que estremecem o olhar. Os mares agigantam-se para tentar chegar à Lua, embalá-la em suas ondas e adormecê-la como se de uma criança se tratasse. As sereias cantam hinos. A harmonia da tempestade torna-se uma orquestra selvagem conduzida pelo assobio dos ventos, pela percussão dos trovões e pelo grito nervoso desses Lobos do Mar. O metrónomo é o balançar das pequenas embarcações que se aventuram no escuro do dia, no apocalipse das águas que se tingem da saudade palpitada nos corações em terra. Tudo isto é o que sinto por ti.
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