
GOIABA, GOIABEIRA, GOIABADA
Data 12/06/2008 12:14:41 | Tópico: Poemas -> Dedicatória
| GOIABA, GOIABEIRA, GOIABADA
Numa fazendola longínqua, Situada num quase remoto rincão Do interior paulista, Moram quatro sábias senhoras anciãs: Ah, pela caudalosa melanina que encharca a pele e pelo Córrego vermelho que flue, transborda e deságua Na argila de seus átomos, afáveis e ternas irmãs. Não sei ao certo O nome de batismo delas. O certo é que por isso o concebo Conforme fosse rebento meu, poeta. Portanto chamo-as de Marcelina, Joaquina, Hilda E Maria Angélica da Anunciação: todas elas, doces pretas Moçoilas a viver em comunhão jucunda, Harmoniosa coabitação. Sim, na liça, Na labuta, na lida, Na luta desde cedo, Aprenderam que o labor era, sempre fora E continua sendo seu marido primeiro. Assim, como bem quisera O transcurso do tempo, a vida destas passou até chegar ao Presente Momento: sim, com efeito, envelhecendo sem casamento. Oh, mas Nada de tristezas! Por quê? Porque nada as deixa mais felizes Do que o fruto da goiabeira transformada em goiabada Caseira. Ah, goiabada boa é essa, a artesanalmente feita: Vendida á porta de casa para turistas, ela, de quebra, A modesta renda complementa.
Ah, amo aquelas carinhosas, Serenas Realezas afro-brasileiras tão rusticamente Pitorescas. Sim, Amo-as como Uma goiaba-goiabada açucaradamente Verdadeira. AH, GOIABADA, GOIABA, GOIABEIRA AH, GOIABEIRA, GOIABA, GOIABADA AH, GOIABADA, GOIABEIRA, GOIABA!
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
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