Diluvio

Data 07/06/2008 12:29:57 | Tópico: Textos -> Tristeza

Era uma vez um cão que tinha dentro dele um homem.
Se cá fora chovia ladrava o cão raivoso que não conseguia combater a força da chuva a bater nos caleiros. Quando o sol iluminava os campos saía o homem gentil, oferecendo flores aos pássaros que em seu redor chilreavam.
Mas certo dia a chuva veio e não foi, relâmpagos romperam os céus, trovões calaram o silêncio e aquela tempestade interminável de questões não calava o cão que sem soluções latia revoltado. As agruras do tempo mantinham o homem sentado no interior do cão declamando poemas às lombrigas.
O cão, associando o mau tempo aos caleiros que não se calavam, saltou de boca aberta e mordeu com fúria o metal frio, da chuva que não cessava em cima de si, mas que cumpria a função de escoamento seguro da água dos telhados.
A chuva começou a entranhar-se nas paredes, inundou a casa e aprisionou cão e homem entre a revolta das águas e o ódio aos caleiros.
Homem e lombrigas lograram sair com vida do incidente largando libertos e soltos, covardemente o cão à sua má sorte.



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=40111