
cigarra agora
Data 06/06/2008 18:42:49 | Tópico: Poemas -> Amor
| deixa que tombe a tez cansada na tua mão de prata afaga lentamente o canto da minha boca na pele da tua boca nua
canta-me como se por uma hora eterna fosse coisa somente tua
rouba um raio à lua, uma pernada ao sol d’Agosto e deles faz um demorado laço [de emoldurar meu rosto]
solto
os meus cabelos no teu regaço vasto os meus dedos nos teus dedos bastos e os contornos dos teus passos nos meus passos cruzados calcorreados moldados no suspiro duma guitarra
cigarra agora
a noite além, ao sul o rio e o mar da palha e uma gaivota qu’adeja e sulca intemporal o céu desta Lisboa antiga Lezíria
voa veleja livre em busca de sua rota …
a mesa posta aguarda a demorada ceia. a luz das estrelas e o linho amplo, e o silêncio
da música que se trauteia p’las várzeas e nas colinas da imensa serra [uma lágrima se solta] sopé recoberto de giestas alfazemas, molhes sacros d'alecrins
.. sorrir ao vento importa!
tambores gritos de paz e guerra guerras d’alecrim e mangerona e trigos declinados em flexibilidades corporais à terra mãe unos e tão iguais.
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