
ANABIOSE DA PAIXÃO
Data 04/06/2008 11:38:35 | Tópico: Poemas -> Introspecção
| ANABIOSE DA PAIXÃO
Enquanto ergue-se em mim Um monólito de bem-querência á solidão, Lá fora a rua é quase calmaria Pois o rádio ---- ainda que Ligado --- Ajuda a compor o quadro Do augusto mutismo altruísta, sereno, Sábia atmosfera de reflexão recrudescendo.
Após tantas e tantas esperas Pela ignescente e fulgurosa Aurora boreal, sem Que houvesse uma sequer Negativa ou positiva resposta, Apaguei a chama da esperança: Cerrei-lhe a porta! Preferi o porto seguro do vácuo A prosseguir contumaz Em minhas andanças De exitoso náufrago.
Porém a voz da minha consciência Diz que é cedo demais Para eu relaxar, Me deixar entregar ao embalo Dos hartos e meigos braços Do réquiem do apaziguamento No mar da expansão engolfado.
A bem da verdade, Ela me alerta: Diz a mim que o náufrago Não se dirigiu ás estâncias Do reino do Morfeu perpétuo. Não, Ela me diz que ele escapou Das garras do limbo da letargia eterna No momento em que minha visão-caminho Singrou o caminho da jóia Divagativamente Ametista-Névoa Que no meu jardim aflorou áquela hora.
Sim, um copo-de-leite roxo Libertou-me, de novo, Do cárcere da benfazeja embriaguez voluntária. Sim, um copo-de-leite roxo foi o suficiente Para revelar que o crepúsculo Definitivo da chama, na verdade, Era o ouropel da morte: O coma, o coma!
Ah, mais que dolente engodo: Agora é que descubro Que meu monólito de bem-querência á solidão É um dantesco absurdo!
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
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