
A ALQUIMIA DO VÁCUO
Data 30/05/2008 18:26:11 | Tópico: Poemas -> Introspecção
| A ALQUIMIA DO VÁCUO
Perdido entre o ente da palavra E o ente de mim mesmo, Vagueio pelas alamedas Da minha mente em silêncio.
Não me acho em seus dédalos: Para olvidar o fel que me aflora Do jardim da frustração, Sorvo incolores goles de água com inerte sofreguidão.
Ouço na TV o depoimento De uma sentinela do altruísmo Que livrara a tenra prole das Marias Davidosas Do Mestre dos Jardineiros que cultivam A floresta das Açucenas do genocídio.
Nos derradeiros tempos, Me ponho a querer deslindar Como perpetuar em minha mortal vida Os sortilégios da solitude, Pois agora tenho medo Que um dia ela mais não queira Ser a dona do trono de meu ego-firmamento Por estar cansada de fazer-me da pessoa A sua mais suntuosa vivenda emancipadora.
Ah, o quão este medo me consome: Passo noites em claro Procurando e, ao achar, Esmerilando na fonte dos ascetas A imponente e inefável alegria, Contida no doce reverberar inane Da melancólica fulgência Da acuidosamente calcinante secura poética.
Não, não almejo ser A miraculosa fotossíntese fecunda. Não, não quero ser o timoneiro De uma frota de naus maninha ou profusa Ah, eu desejo é andar livremente Pelas ruas da refratária ventania Que povoa e molda a vontade do meu inconsciente, Preso no velhaco calabouço da puritana hipocrisia. Ah, eu quero é seguir o rastro Da Manuelística Estrela Unitária. Eu quero é me enlear no absoluto nevoeiro dos albatrozes E libar do peculiar elixir do ser sozinho por inteiro, inconsútil, Filho das soturnas tenazes da opacidade!
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
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