
BALÉ DE VOZES
Data 30/05/2008 11:12:39 | Tópico: Poemas -> Reflexão
| BALÉ DE VOZES
A
O celeste breu marinho deita exultante sobre a alameda onde meus pais têm residência: Porque, desta feita, seu velho sequaz, o silêncio, não o acompanha; E sim um indomável coral de vozes mancebas, levianas, Presidiárias da social transparência Que jazem nos jardins de átomos da esperança, Onde se cultiva a aurora da manhã humana.
B
Enquanto em casa em meio a um turba de exortações semitaciturnas, Eu, solitarimente, contra elas, lanço Apenas o meu intangível assombro: Pois me deixo extasiar pelos pégasus verbais Que irrompem de suas jocosas bocas para subjugar toda a rua: Geralmente quieta, lúgubre, soturna, moribunda!
C
No entanto, apesar de residir vivacidade nos meteóricos vocábulos, É pena que as verdejantes centelhas arredias não sejam, Em verdade, a prática personificação do mitológico cavalo alado: Que é mais um integrante da miríade de filhos da enlevante Grécia Antiga; Embora fulgure mesmo como um animoso paladino d’auréola da Justiça; Enquanto as verdejantes centelhas arredias Não passam de uma temerária e fácil presa da inebriante auréola da harpia: Trazendo latente no âmago de seu seio O desejo de saciar a fome por crepúsculos prematuros Como acontece esporadicamente quando o eclipse solar Consome efêmero a energia que nos vivifica em radioso dia pleno.
D
Entretanto, após um bom tempo, Em casa eu contemplo Que sorrateiramente Abraça o breu o silêncio.
E
Afinal eu e ele desconsoladamente suspiramos: Ele, por voltar a compartilhar com o sepulcro Do som, seu destino; E a minha pessoa, por ver-me rememorar a lembrança De que está dissolvido no estuário Das sensaborias, o meu oceano de idílios: Do querer que haja o irmanar de híbridos temperamentos e afãs de justiceiro.
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
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