
Momentos de Florbela Espanca
Data 29/05/2008 19:40:22 | Tópico: Sonetos
| Momentos de Florbela Espanca
“Procuremos somente a beleza, que a vida”. É um punhado Infantil de areia ressequida, Um som de água ou de bronze e uma sombra que passa (Eugênio de Castro). Eu Eu sou a que no mundo anda perdida, Eu sou a que na vida não tem norte, Sou a irmã do Sonho, e desta sorte. Sou a crucificada... A dolorida
Sombra de névoa tênue e esvaecida, E que o destino amargo , triste e forte, Impele brutalmente para a morte! Alma de luto sempre incompreendida!..
Sou aquela que passa e ninguém vê Sou a que chamam triste sem o ser... Sou a que chora sem saber porquê
Sou talvez a visão eu alguém sonhou, Alguém que veio ao mundo pra me ver E que nunca na vida me encontrou
“Amar, amar, amar simpre y com todos el ser y com la tierra y com el cielo, cono loclaro del sol y lo obscuro del lodo. Amar por toda ciência y amar por todo anhelo. Y cuando la montana de la vida nos sea dura y larga, y alta, y llena de abismos, amar la immensidad, que es de amor encendida, y arder em la fusión de nuestros pechos mismos...(Rubén Darío)
Amar! Eu quero amar, amar, amar perdidamente! Amar só por amar: aqui... Além... Mais este e aquele, o outro e toda a gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém! Recordar? Esquecer? Indiferente! Prender oi desprender? É mal? É bem? Quem disser que se pode amar alguém Durante a vida inteira é porque mente!
Há uma primavera em cada vida: É preciso canta-lá assim florida, Pois se Deus nos deu voz, foi pra catar!
E se um dia hei de ser pó, cinza e nada Que seja a minha noite um alvorada, Que me saiba perder, pra me encontrar...
“É um não querer mais que bem querer” (Camões) Meu amor Meu amor, meu amado, vê... repara: Pousa os teus lindos olhos de ouro em mim, Dos meus beijos de amor Deus dez-me avara Para nunca os contares até ao fim.
Meus olhos têm tons de pedra rara É só para teu bem que os tenho assim E as minhas mãos são fontes de água clara A cantar sobre a sede dum jardim
Sou triste como a folha ao abandono Num parque solitário, pelo outono, Sobre um lago onde vogam nenúfares...
Deus fez-me atravessar o teu caminho Que contas dás a deus indo Sozinho, Passando junto a mim, sem me encontrares?
Bibliografia:
Sonetos Florbela Espanca
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