
MARISQUEIRAS
Data 28/05/2008 17:49:07 | Tópico: Poemas -> Dedicatória
| MARISQUEIRAS
Quase no limiar da manhã, Sofredores semblantes de mulheres denodadas Partem de suas calorosas vivendas infaustas Rumo ao encontro de mais um árido dia de lavra.
E que lavra dura, pesada, prolífico jardim de sáfaras: Colher no Atlântico mar da Goiânia pernambucana Pérolas culinárias que hão de extasiar o paladar Daqueles providos de algibeiras Parcamente ou demasiadamente Magnânimas, exuberantes cataratas do Iguaçu e do Niágara, Imponentes cordilheiras dos Andes e do Himalaia!
Ah, o quinhão que recebem É torpe, infame, aluvião de vexames nada breves: Uma ignóbil monção de atrozes intempéries ultrajantes Que as afoga no sádico oceano de dores Oclusas no reino do pranto exangue, Salpicdas de alamedas da piedade serelepe e incessante. No entanto suplantam a humilhação Com o fulgor da aura da dignidade, Que aflora da imagem de suas nordestinas cabeças, Levantadas ao girassol-firmamento em amplidão na verdade.
Sim, e lá vão elas, as catadoras de mariscos, Com seus filhos lhes fazendo companhia, Depois de um dia pejado de faina cansativa E humilde dinheiro na palma das mãos, Voltar, finalmente, para o aconchego De seu exíguo e íntimo torrão.
Jessé Barbosa de Oliveira
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