
O VAGAR
Data 25/05/2008 14:04:44 | Tópico: Poemas -> Reflexão
| O VAGAR
Estanque espaço vazio um momento; Em seguida, palatam o chão os pés mosaicais e transgênicos, Por meio do bivagar das pessoas: Estas, caminhantes sempre á demanda De coisas sublimes, etéreas, convencionais, insólitas, múltiplas: Conhecimento, estrada longa, via curta; Alguma coisa, coisa alguma, o nada; Alguma coisa que a pena se valha; Alguma coisa por que não se valha a pena travar a luta da Navalha.
Os olhos perscrutam tal miríade de movimentos E vêem atentamente os cálamos: Os cálamos que por ali perpassam, vagueiam: Que por ali gravitam diariamente; Que orbitam na quase concomitante alternância de dias e Semanas. Sim, com efeito, há ainda aqueles que preferem ou só podem Dispor do esparso perpasso de meses, anos, milênios, supernovas! Ah, passeiam por ali estilos vários: Ortodoxo, circunspecto, heterodoxo, tímido; Profético, compassivo, filosofal, social, neoliberal, político; Poético, mobral, humilde, narciso, pedante, radical, sombrio; Tristonho, alegre, participativo, impaciente, lascivo, indiferente, Afirmo. Enfim, alienado. Finalmente, perdido no labirinto do Esquecimento do mundo e de si mesmo. Afinal, em si próprio Lacrado. Lacrado a sete chaves, a sete portas, a sete palmos Do firmamento em que reluz a mais sábia das auroras Que se haja, até hoje, encontrado!
Oh, mas muito mais além vêem os olhos: Porque os olhos vêem a amplidão dolosamente infinita Do intangível e do inefável: Sim, pois, até ali mesmo, passos ignotos e não-sonoros São notados, percebidos, prospectados!
Ah, os olhos contemplativos se enlevam Com o mar de sortilégios que emanam do espaço: Sim, em si, plural, soturno, álacre, inane, universal, caudal, Unitário! Seja como e qual for, Ele entontece, entorpece, paralisa! Ah, que bom é ter a exata dimensão da pequenez Do vagar de nós próprios e da augusta grandeza do espaço Em perspectiva. Jessé Barbosa de Oliveira
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