
Rosa dos Ventos
Data 23/04/2025 15:10:51 | Tópico: Poemas
| O norte eleva-se na multidão, um rumor de nostalgia Não é sobre a flor aberta, mas a lembrança sepultada O embrião de uma ideia, a tristeza vinda sem porque Esse suceder de estações, antigos passos pela escada Debaixo da lua de um abril onde floresçam os trigais O sul repousa ao pé dos montes das grandes árvores A noite vem avara de vozes, a quem cabe esta ruína Sem o pó que o vento alçaria se, distraído, soprasse Esse sangue poético justamente anônimo e profético Derramado na calçada ao pé dos sonhos irrealizados Ao leste a sua eterna galhardia de ver o nascer o sol A rua brilha na chuva debaixo de luminárias amarelas Cavalgo a palidez da palavra amanhecida à beira mar Retrato num epitalâmio, o amor entre ondas e areias Na boca da noite, cintila a celebração dos contrários Ao oeste o sorriso franco vem tingir o céu em noite Permita que te cante versos de palavras esquecidas E que procelas em sílabas azuis, entoem o flamenco Lavrando essências de esperança, liberdade e olvido Ah, essa minha mania de amar-te viva, porém és lenda Mas tu, rosa dos ventos, traze-me teus rios celestes Para eu poder amar-te líquida, fluindo-me pelas veias Contrariando as voltas do sisudo carrilhão da matriz Para amar-te loura criança pela mirada do horizonte Eternamente amar-te em silêncio qual se fosse Deus
|
|