
Gênese do que Resta
Data 22/04/2025 01:11:38 | Tópico: Poemas
| Naquilo que os outros não tocam, há um sentimento que talvez nem saiba existir, mas que fala às entranhas, tece minha alma, cria asas e voa, num rito tão íntimo, entre o sussurro e o grito.
No deus selvagem que habita meu sangue, como um lamento vindo do fundo do mar, que fere e cura, que rasga e costura, e queima, mesmo depois da terra esfriar.
Numa voz que me chama nos ventos, que abala os céus, morre, renasce, paradoxo maldito e divino, na palavra que é gênese, semente, mesmo em um mundo apocalíptico e penitente, sem inocentes para salvar.
E na vida confiscada nos versos, o amor irremediável que nunca é migalha ou afeto emprestado, mas um viver sagrado, maior, que, mesmo em cacos, se recusa a ser pó.
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