Clarão

Data 22/04/2025 00:52:57 | Tópico: Poemas

Ana escapa-me,
não cabe aos olhos:
anjo de pedra,
em pleno voo,
sem asas
— vosso espólio. 

Ana é a névoa
acima da manhã,
sem corte de luz,
(estridente da lâmina,
som de espanto
que se traduz)

é a paleta em lodo
do fim de tarde
onde Borges
pisou em lama.

Nem toda luz trafega
para se ver:
Ana é o clarão
que cega.

Em seu labirinto, Ana,
toma o tempo a tatear
na artéria,
a secura da ausência
viva na memória,

dorme feito Ofélia:
imagem a ferir
os olhos.


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