
Homem de Abril
Data 21/04/2025 19:45:56 | Tópico: Poemas
| És Homem de tanto Abril Gente carregada de chão Terra cheia de saudades Que leva no peito sol vil Velho pranto dum irmão Muro de pedras e grades
E tu que duvidoso me olhaste de soslaio Sim! Tu, o político de trazer na algibeira Agasalhado no discurso de conveniência Que na taberna ouvias cantigas de maio Como se fosse tua essa fome cantadeira E minha a necessidade de sobrevivência
Foi esta a revolução com que me iludiste Cravejada de cravos, e depois... bastões Com as tuas mãos pinceladas de sangue Mendigos caídos no inferno que persiste Que trazem no triste chão novas prisões E de ti vilão, idolatrado chefe de gangue
Deixa-me ver bem a luz daquele breve dia Escutar-lhe o silêncio a voar em liberdade E saber que amanhã será outra vez nosso Conta-me como olhares sorriam de alegria Por não querer mais chorar tanta saudade E estas mãos gritavam vivas em alvoroço
Queria que não fosse só aquele momento Que durasse tudo de Maio até novo Março E ali, naqueles muitos dias, fosses tu e eu O povo sempre igual desfraldado ao vento Neste mar que desagua no sonho esparso O sonho que de tantas gentes sobreviveu
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