Aos que gritam em silêncio

Data 14/04/2025 21:36:51 | Tópico: Crónicas

Aos que gritam em silêncio
Nem sempre o silêncio é tranquilo. Há silêncios que gritam. Gritam nos olhos cansados, nos sorrisos forçados, nas ausências disfarçadas de distração. Gritam na alma de quem continua a caminhar, mesmo quando já não sente força nos pés.
A juventude, tantas vezes romantizada como leve e livre, é, na verdade, um território frágil e intenso. É um tempo de descobertas, sim — mas também de pressões, de comparações, de máscaras que se colam ao rosto. A saúde mental, neste cenário, tornou-se o elefante na sala: todos sabem que está lá, mas poucos têm coragem de encará-lo.
Vivemos numa sociedade que ensina a produzir, a vencer, a competir… mas raramente ensina a sentir. Crescemos a acreditar que chorar é sinal de fraqueza, que pedir ajuda é fracassar, que ser diferente é um erro a ser corrigido. Não é.
Sentir não é fraqueza. Pedir ajuda é coragem. Ser diferente é autenticidade !!
Hoje, um jovem escolheu partir.
E essa escolha dói. Dói porque revela o tamanho da dor que estava escondida. Dói porque nos obriga a encarar o que muitas vezes preferimos ignorar, que estamos a falhar na escuta, no acolhimento, no amor que damos.
Não, não foi falta de força. Foi excesso de dor. Foi cansaço de tentar encaixar num mundo que ainda julga antes de entender. Foi o último gesto de alguém que já tinha pedido ajuda de todas as formas possíveis — e não foi ouvido.
Estamos a perder jovens não porque eles não lutem. Mas porque muitas vezes lutam sozinhos.
Esta carta é por eles. Por todos os que se sentem a mais. Por todos os que gritam por dentro e não encontram eco. Por todos os que pensaram em desistir e pelos que já não estão cá para contar.
Precisamos, urgentemente, de espaços onde se possa falar sem medo, de escolas que cuidem para além das notas. De famílias que escutem mais do que cobrem. De amizades que abracem, mesmo sem entender. Precisamos reaprender a ser humanos e lembrar que viver não é uma linha de chegada, mas um caminho que se percorre melhor quando há amor por perto.
Se estás a ler isto e te sentes sozinho, por favor, não te cales. E se estás a ler isto e conheces alguém que se afastou, que mudou, que parece estar a gritar em silêncio, aproxima-te., pergunta. Fica! . Escuta!
Porque viver deveria ser sempre uma opção com amor à volta, com empatia e esperança, alguém que escolhe sentir!

Este texto é uma versão adaptada de um comentário de Rui Marques em uma publicação sobre o suicídio de um jovem de 23 anos.
Texto Original:
Rui Marques
Nem sempre o silêncio é paz!!!
A juventude, por mais leve que pareça aos olhos de quem já passou por ela, é um campo de batalha invisível. Carregamos o peso de sermos alguém — ou de parecer alguém — num mundo que, depois de uma pandemia, ficou ainda mais solitário, mais digital, mais exigente. A saúde mental tornou-se o grande fantasma nas salas de aula, nas conversas de grupo, nos “quartos fechados à chave”.
Há quem grite em silêncio. Há pedidos de socorro que não têm som, apenas olhos baixos, respostas curtas, cansaços estranhos. E não, não é culpa de ninguém. Ou talvez seja. Talvez seja da pressa do mundo, das máscaras que somos obrigados a usar (as físicas e as outras), das pressões para caber em moldes que não servem a todos.
Não aceitar quem és não é fraqueza — é o reflexo de uma sociedade que ainda não aprendeu a amar sem condições.
Um jovem tirou a própria vida. E não, não foi cobardia. Foi coragem. Coragem de enfrentar um mundo interno que ninguém via, de lidar com dores que muitos ignoraram. Foi o último grito de quem já tinha gritado de todas as outras formas.
Não estamos a perder jovens por falta de força. Estamos a perdê-los por falta de escuta, de espaço e de empatia real.
Que esta ausência não passe despercebida. Que a sua coragem nos obrigue a olhar, a cuidar e a mudar.
Porque viver deveria ser sempre uma opção com amor à volta.
Nem sempre o silêncio é paz!!!
A juventude, por mais leve que pareça aos olhos de quem já passou por ela, é um campo de batalha invisível. Carregamos o peso de sermos alguém — ou de parecer alguém — num mundo que, depois de uma pandemia, ficou ainda mais solitário, mais digital, mais exigente. A saúde mental tornou-se o grande fantasma nas salas de aula, nas conversas de grupo, nos “quartos fechados à chave”.
Há quem grite em silêncio. Há pedidos de socorro que não têm som, apenas olhos baixos, respostas curtas, cansaços estranhos. E não, não é culpa de ninguém. Ou talvez seja. Talvez seja da pressa do mundo, das máscaras que somos obrigados a usar (as físicas e as outras), das pressões para caber em moldes que não servem a todos.
Não aceitar quem és não é fraqueza — é o reflexo de uma sociedade que ainda não aprendeu a amar sem condições.
Um jovem tirou a própria vida. E não, não foi cobardia. Foi coragem. Coragem de enfrentar um mundo interno que ninguém via, de lidar com dores que muitos ignoraram. Foi o último grito de quem já tinha gritado de todas as outras formas.
Não estamos a perder jovens por falta de força. Estamos a perdê-los por falta de escuta, de espaço e de empatia real.
Que esta ausência não passe despercebida. Que a sua coragem nos obrigue a olhar, a cuidar e a mudar.
Porque viver deveria ser sempre uma opção com amor à volta







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